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No Começo de Tudo acompanha Luiza, uma arquiteta recém-formada que retorna à sua cidade natal, Campos dos Goytacazes, depois que seus planos não saem como esperado. Ao revisitar as ruas que um dia conheceu, ela se depara com uma transformação silenciosa: prédios históricos deteriorados e abandonados, um cenário de apagamento gradual.
Enquanto isso, Elza, uma artista plástica, luta contra o esquecimento — seja o da própria memória ou o da cidade que a cerca. Ela pinta para não deixar que tudo se perca. Seus quadros são tentativas de segurar o tempo, de preservar o que ainda resta antes que desapareça completamente. Luiza, por outro lado, tenta ativamente esquecer: evita tudo que a conecta às suas origens, foge das lembranças, corre de si mesma. Mas o reencontro com a cidade a força a confrontar tudo aquilo que deixou para trás.
O curta-metragem propõe um recomeço possível: não o retorno ao que foi, mas a aceitação das peças que ficaram pelo caminho. É sobre aprender a conviver com as lacunas, acolher o que resiste no tempo e encontrar, na arte e nos encontros, um jeito de continuar. Revisitar o começo não é voltar ao passado — é manter viva a memória, valorizar o que ainda resta e descobrir que, mesmo incompletos, ainda podemos nos reconstituir.
Mavi Mourenço é Luiza.
Luiza tem 24 anos, é arquiteta e voltou para sua cidade natal após enfrentar frustrações profissionais e a dificuldade de se estabelecer fora dali. Apesar de ter conquistado o diploma e tentado seguir o caminho esperado, carrega uma sensação de desconexão e incerteza sobre seu próprio futuro. Ela é reservada, observadora e, mesmo com seu jeito um pouco duro, é sensível ao que a cerca. Ao longo da história, Luiza é confrontada pela cidade que deixou para trás e precisa lidar com a ideia de que, talvez, aceitar o que foge do seu planejamento seja também uma forma legítima de seguir em frente.
Phellipe Rangel é José.
José tem 25 anos e é um cara simpático e espontâneo. Trabalha na cafeteria junto com Luiza e representa uma geração mais imediatista e prática, conectada às tendências rápidas e ao imediatismo do mundo digital. Sua presença traz afeto, e ao mesmo tempo um contraponto ao universo do filme.
Eliana é Elza.
Elza é uma artista campista em seus 70 e poucos anos, que enfrenta com serenidade a perda gradual de suas memórias. Simples e de fala sábia, compartilha sua visão de mundo através da arte e de pequenas reflexões sobre a vida, sempre com um olhar generoso para o que passou. Sua presença no filme é um convite para valorizar o caminho percorrido, mesmo quando imperfeito e incompleto.
Bella é ela mesma.
Bella é a cachorrinha caramelo de Luiza. Agitada, carinhosa e sempre próxima da dona, representa a leveza e o conforto que Luiza, mesmo sem perceber, precisa reencontrar. Acompanha a protagonista de forma discreta, sendo um pequeno refúgio emocional em meio às suas inseguranças.
A ideia de No Começo de Tudo nasceu durante uma conversa com Elza Villela, avó do diretor Felipe Risallah e artista plástica que nasceu e viveu grande parte da sua vida em Campos dos Goytacazes. Diante de uma bela mesa de café, Elza compartilhou reflexões sobre sua vida, sua trajetória como artista, os desafios de manter viva sua prática criativa e as dificuldades da memória que começava a falhar. Aquela conversa foi o ponto de partida para tudo: inspirou a estrutura narrativa do filme e, principalmente, moldou o modo de agir e falar da personagem Elza.
A partir daí, Luiza nasceu como contraponto e espelho de Elza. As duas compartilham uma trajetória comum: ambas saíram de Campos na juventude para tentar a vida em outros lugares e, depois de anos, retornaram à cidade natal. Mas enquanto Elza acolhe suas origens e luta para preservar o que ainda resta de suas lembranças, Luiza tenta ativamente esquecer — evita tudo que a conecta ao passado, foge da cidade que a criou, resiste às próprias raízes. A diferença entre elas está na forma como cada uma lida com o retorno: Elza não nega de onde veio, Luiza ainda tenta. Mas ambas descobrem, ao longo do filme, que não é possível apagar o que nos forma sem perder parte essencial de nós mesmos. As duas carregam feridas diferentes, mas compartilham a mesma busca: encontrar uma forma de conviver com as lacunas, com o que foi perdido, com o que nunca vai voltar a ser como era.
O processo de escrita foi profundamente influenciado pela experiência pessoal do diretor. Escrevendo o filme enquanto estava longe de Campos, Felipe percebeu que costumamos enxergar as coisas de forma diferente quando passamos um tempo longe delas. Quando você olha de longe, as aprecia mais. Esse distanciamento permitiu um olhar mais atento para as particularidades da cidade e para as tradições que resistem em meio à modernização acelerada. A pesquisa sobre a história de Campos e suas locações se tornou parte essencial do roteiro: a escolha dos cenários — a Casa de Cultura Villa Maria, a Praça São Salvador e os prédios antigos — não foi apenas estética, mas narrativa. Cada espaço carrega camadas de história que dialogam diretamente com o tema central do filme. O chuvisco, doce tradicional campista e patrimônio imaterial da cidade, aparece como símbolo afetivo dessa memória que insiste em sobreviver.
No coração do filme está uma mensagem sobre aceitação e preservação da memória: Luiza aprende que sonhos mudam e que recomeçar pode ser coragem, não derrota, enquanto Elza ensina que preservar a memória é honrar o caminho percorrido, mesmo imperfeito. Revisitar o começo, descobrimos, não é voltar ao passado — é manter viva a memória coletiva e aceitar que, mesmo com peças faltando, ainda é possível montar algo bonito.
Campos dos Goytacazes carrega nas suas ruas e edifícios o testemunho de séculos de história. Da época colonial aos ciclos econômicos do açúcar e do petróleo, a cidade acumulou um rico patrimônio arquitetônico que inclui casarões, praças, igrejas e prédios históricos que narram a trajetória de uma das regiões mais importantes do interior fluminense. Esses espaços compõem um conjunto arquitetônico de valor inestimável que merece ser preservado e valorizado. No Começo de Tudo registra sete importantes locações históricas de Campos dos Goytacazes, cada uma com sua própria história e relevância para a identidade cultural da cidade:
Casa de Cultura Villa Maria — Construída em 1918 pelo usineiro Atilano Chrisóstomo de Oliveira como presente para sua esposa Finazinha Queiroz, este palacete de estilo eclético simboliza a prosperidade da elite açucareira campista. Na ausência de herdeiros, foi deixado em testamento para a primeira universidade que se instalasse em Campos. Com a criação da UENF em 1993, tornou-se sua Casa de Cultura, oferecendo desde então programação cultural gratuita com fonoteca, videoteca, sala de leitura, auditórios e exposições. É hoje referência na difusão da produção cultural regional, promovendo a valorização do patrimônio artístico campista.
Praça São Salvador — Marco zero da cidade, testemunhou a fundação da Vila de São Salvador em 29 de maio de 1677 pelo Visconde d'Asseca. Em 1906, ganhou um chafariz importado da Bélgica, e em 1947 recebeu o Monumento do Soldado Expedicionário do escultor Modestino Kanto. Permanece como coração histórico e religioso da cidade, palco de festas tradicionais centenárias. Em 2005, passou por reforma polêmica que alterou drasticamente sua configuração, removendo árvores centenárias e instalando pisos de mármore inadequados ao clima tropical da região.
Catedral Santíssimo Salvador — A primeira igreja matriz já aparece mencionada em documentos desde 1652, onde hoje está a Igreja de São Francisco. Com a criação da Vila de São Salvador em 1677, passou à condição de matriz. A segunda e atual matriz foi levantada em 1745 na Praça São Salvador. Após reformas e um incêndio por raio em 1869, tornou-se Catedral Diocesana em 1922 e Basílica Menor em 1970. Destacam-se as quatro estátuas de bronze dos evangelistas na fachada e os 32 vitrais ricamente ornados.
Museu Histórico de Campos — Instalado no Solar do Visconde de Araruama, construído em 1760, o museu foi inaugurado em 29 de junho de 2012 após restauração da Prefeitura. Representa a arquitetura senhorial do período áureo da economia açucareira no Norte Fluminense. Mostra a importância de Campos para o desenvolvimento econômico do país, abrigando exposições de arte, natureza, ciência e história, com espaço para arqueologia que expõe relíquias dos sambaquis. Dá ênfase ao campista Nilo Peçanha, que foi governador e Presidente da República.
Prédio da Sociedade Musical Lira de Apolo — Fundada em 19 de maio de 1870, a Lira de Apolo é a banda mais antiga da cidade, com 154 anos em 2024. O esplêndido edifício eclético foi construído entre 1912 e 1914 pelos próprios músicos, que trouxeram às escondidas trilhos de trem para as ferragens e pedras do Rio Paraíba do Sul para o alicerce. Recebeu personalidades como Antonio Carlos Gomes e Getúlio Vargas. Em 1990, sofreu incêndio devastador, mas desde 2012 as obras de restauração foram retomadas pela própria banda, sem apoio do poder público.
Hotel Amazonas — Construído na segunda metade do século XIX para residência da família do Barão de Pirapitinga, o edifício de dois pavimentos localiza-se na Rua Barão do Amazonas, nº 58. Destaca-se pela sacada com belo trabalho de ferro fundido que se prolonga em toda extensão do primeiro andar. Tombado pelo INEPAC, embora enfrente o abandono, permanece como testemunho arquitetônico da prosperidade da elite rural campista do século XIX.
Grande Hotel Gaspar — Edificado por volta de 1830 como residência do dr. José Gomes da Fonseca Paraíba — fazendeiro, provedor da Santa Casa e fundador do periódico "O Campista" em 1834 —, o palacete foi vendido em 1883 ao português Gaspar Cardoso, surgindo então o Grande Hotel Gaspar. Nos anos 1930, era considerado o hotel mais luxuoso da região, recebendo hóspedes como Carlos Gomes e Mario de Andrade. Em seu salão nobre, políticos fundaram o Partido Republicano em Campos em 1888. Tombado pelo INEPAC e COPPAM, foi recentemente cedido pela Santa Casa à Prefeitura.
Apesar da riqueza histórica, o patrimônio de Campos enfrenta desafios distintos: enquanto alguns espaços foram restaurados e continuam ativos, outros estão sendo deixados de lado, deteriorando-se aos poucos. Alguns já foram demolidos para dar lugar a construções modernas que não dialogam com a memória da cidade. É nesse contexto que No Começo de Tudo se insere, usando essas locações históricas reais como cenário e tema central da narrativa.
A escolha de filmar nesses patrimônios foi um gesto consciente de preservação audiovisual. Ao registrar cada um desses espaços, o filme cria um arquivo visual afetivo antes que mais memórias se percam completamente. Assim, No Começo de Tudo se posiciona como um manifesto pela valorização e preservação do patrimônio cultural campista em sua totalidade.
O chuvisco é um doce típico de Campos dos Goytacazes, feito basicamente com ovos e açúcar, cuja receita atravessa séculos. De origem colonial portuguesa, o doce chegou ao Brasil junto com as tradições culinárias dos conventos e casas-grandes, firmando-se como patrimônio imaterial da cidade. Sua textura delicada e sabor adocicado carregam a memória de gerações, sendo até hoje produzido de forma artesanal por famílias campistas que preservam o modo tradicional de preparo.
No filme, o chuvisco aparece como símbolo de afeto e pertencimento. Presente nas cenas com Elza, o doce funciona como elo entre passado e presente, entre o que é saboreado e o que é lembrado. Ele é mais do que um elemento de cenário: o chuvisco representa a urgência de valorizar as pequenas coisas antes que se percam.
Vem com a gente para a pré-estreia de No Começo de Tudo! Teremos exibição do filme e um ambiente para conversa, troca e celebração da estreia. A programação perfeita para o seu sábado.
A entrada é gratuita — e, se quiser, você pode trazer 1kg de alimento não perecível para doarmos a lares de acolhimento.
Data: 08/11/2025 (sábado)
Local: Santa Paciência Casa Criativa — Rua Barão de Miracema, 81 - Centro, Campos dos Goytacazes
Horário: a partir das 16h
Obs.: o evento está sujeito à lotação. Preencha o formulário e chegue cedinho pra garantir seu lugar.
Link do forms: https://forms.gle/oeio63N9GsqcBQ8m9
Direção: Felipe Risallah
Produção Executiva: Felipe Risallah
Produção: Mavi Mourenço
Diretor de Produção: Vinicius Paes Dias
Assistência de produção: Fabiano Torres
Consultoria de produção: Arthur Fiel
Assistência de Direção: Mavi Mourenço e Vinicius Paes Dias
Direção de Fotografia: Felipe Risallah
Assistência de Fotografia: Brenno Belletti
Direção de Arte: Matheus Crespo
Assistência de Arte: Siano Cardoso
Figurino e Beleza: Petra Villela
Técnico de som: Levi Soós
Montagem, VFX e Colorização: Felipe Risallah
Edição de som e Mixagem: Levi Soós
Trilha sonora:
Debussy Clair de Lune por StanNau
Orchestralis - Solo Violin & Emotional Solo Violin
Bach Cello Suite 1 Prelude Solo Violin por Orchestralis
Maarten Schellekens - If only I Could Stop the Clock / Classicals.de
Vivaldi - Concerto in F minor, Op. 8, No. 4, RV. 297 by Gregor Quendel / Classicals.de
Bach - The Well-Tempered Clavier - Prelude No. 1 in C major, BWV 846 (Kimiko Ishizaka) / Classicals.de
Orchestralis - Solo Violin & Emotional Solo Violin
Bach Cello Suite 1 Prelude Solo Violin por Orchestralis
Maarten Schellekens - If only I Could Stop the Clock / Classicals.de
Vivaldi - Concerto in F minor, Op. 8, No. 4, RV. 297 by Gregor Quendel / Classicals.de
Bach - The Well-Tempered Clavier - Prelude No. 1 in C major, BWV 846 (Kimiko Ishizaka) / Classicals.de
Assessoria de Imprensa: Sandra Villela
Design e Identidade Visual: Giovanna Cavalcante
Elenco:
Mavi Mourenço
Phellipe Rangel
Eliana Carneiro
Phellipe Rangel
Eliana Carneiro
APOIO:
FBC - Full Beard Coffee, Casa de Cultura Villa Maria, Ateliê Matheus Crespo
Agradecimentos:
Restaurante Lider Marcelo Trindade, Dora Villela, Elza Villela José, Família Villela, Marinete Pereira, Mauro Heitor, Alexandre Curtiss, Bruno Gomes, Universidade Federal do Espírito Santo, Luiza Freire, Felipe Póvoa, Leonardo Pereira, Isabela Cherfen, Clarissa Belletti, Irene Magda Belletti, Restaurante Lider